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Histórias que a moda conta

Acompanhe a evolução da indústria fashion ao longo da história, refletindo a cultura e a sociedade de cada época

 

A moda, assim como a política e a tecnologia, evolui ao longo dos séculos, acompanhando as mudanças culturais e sociais de cada período da história humana. A percepção do que é belo também se ajusta a cada época, sempre conectada à expressão individual, já que as roupas manifestam o senso estético de cada um. Elas também mudam de acordo com o momento e o ambiente onde nos encontramos: casa, trabalho ou lazer. Não surpreende, portanto, que até mesmo as máscaras faciais – acessórios que se tornaram essenciais nos dias de hoje – passaram a ser uma forma de demonstrar personalidade e estilo.

A história da moda está ligada ao desenvolvimento de propósito e intenção por trás de vestimentas, sapatos e acessórios, seja por meio de seu design ou confecção. As tendências fashion têm se transformado de acordo com padrões sociais, revoluções industriais, conflitos políticos e demandas econômicas ao redor do mundo. Além disso, cada povo, de acordo com sua bagagem cultural, possui diferentes formas de se manifestar por meio da moda.

 

 

Uma viagem ao passado da moda

A indústria da moda tem como base as fashion houses de estilistas, que se originaram em 1858 com Charles Frederick Worth, o primeiro designer a costurar sua etiqueta nas roupas que criava. No entanto, a moda como expressão individual teve como pontapé inicial as primeiras vestimentas usadas pelos seres humanos pré-históricos, entre 100 e 500 mil anos atrás. Essas roupas primitivas eram feitas com plantas e peles de animais, mas já manifestavam os gostos e necessidades daquele período.

Com o passar do tempo, as roupas passaram a estabelecer status social e demonstrar personalidade. Na antiguidade, os romanos e egípcios se importavam muito com a aparência e se esforçavam para seguir as tendências de moda e estilo de sua época. Vestir um determinado tipo de roupa comunicava qual era a posição social, o poder econômico e até mesmo a profissão de uma pessoa – a toga romana, por exemplo, identificava quais eram os cidadãos de Roma.

Na Idade Média, a Inglaterra era considerada o polo fashion da Europa, sendo os vestidos em várias camadas um sinal de riqueza para as mulheres, enquanto os homens vestiam túnicas presas por cintos. Já no século XV, a corte do rei Filipe, duque de Borgonha, tornou-se o centro das atenções da moda europeia. Posteriormente, no Renascimento, o foco mudou para a Itália, retornando depois para a França.

 

 

Antes do século XIX, não havia realmente uma divisão entre os trajes para usar no cotidiano e a alta costura. A maior parte das peças vestidas pelas pessoas eram feitas sob medida por costureiros, ou então costuradas dentro das próprias casas. Foi somente quando os estilistas e as lojas de vestuário surgiram que a tarefa de criar roupas saiu do contexto doméstico. Além disso, a Revolução Industrial na Inglaterra trouxe a invenção da máquina de costura (1790). Fábricas têxteis se multiplicaram no país durante esse período, com as máquinas realizando todo o processo de produção das peças.

O período que precedeu a Primeira Guerra Mundial é conhecido como La Belle Époque. As roupas de noite eram muito extravagantes e os vestidos para usar durante o dia eram moldados por corseletes. Eram trajes elaborados e muito caros – as pessoas sequer conseguiam se vestir sozinhas, devido às diversas camadas de roupas e à necessidade de apertar os corseletes que ficavam por baixo. Chapéus e sombrinhas também faziam parte do estilo dessa época.

O design das roupas, naquela época, baseava-se essencialmente em moldes impressos, criados principalmente em Paris, que circulavam pela Europa e eram ansiosamente aguardados nas cidades do interior. A partir desse material, os costureiros locais executavam os moldes da melhor maneira possível. Nesse sentido, as revistas de moda, como a Cabinet des Modes (fundada ao final do século XVIII), ajudaram a estabelecer tendências e ditar o que era considerado glamouroso. No início do século XX, as revistas de moda começaram também a incluir fotos, o que as tornou ainda mais influentes, impactando gostos e padrões de beleza.

 

A evolução da moda

A moda geralmente diz respeito a estilos que são populares em diferentes momentos históricos. Por isso, ela está em constante transformação, podendo trazer de volta tendências antigas ou criar peças totalmente novas de acordo com as demandas da época. No passado, essas tendências eram geralmente ditadas pelas classes aristocráticas, já que a maioria das pessoas não tinha condições de comprar roupas de acordo com cada novo estilo fashion. Por isso, as roupas da população em geral eram feitas com fibras naturais e tinham tons neutros. Apenas os mais abastados usavam diferentes cores e acessórios, como forma de ostentar sua riqueza e diferenciar os grupos sociais.

A partir do século XX, a moda passou por sua fase de maior evolução no mundo todo, tornando-se item de consumo que podia ser reproduzido em grande escala. Ela acompanhou também a evolução da indústria do entretenimento, já que artistas do cinema e da música passaram a ditar tendências globais. A introdução de fibras sintéticas permitiu a criação de roupas mais baratas e práticas, mudando totalmente a forma como o estilo se manifestava.

Nos anos 1910s, os corseletes foram trocados por modelos com cortes retos, graças a estilistas como Paul Poirot (que desenhou o primeiro traje feminino que podia ser vestido sem precisar da ajuda de criados) e Jeanne Paquin (a primeira estilista mulher a fazer história). A Primeira Guerra Mundial também impactou muito a moda global, já que muitas pessoas foram forçadas a adotar estilos mais simples, para cortar custos. A tendência era apostar nos tecidos monocromáticos e em tons mais escuros.

O período entre guerras (anos 1920) é conhecido como a era de ouro da moda francesa. Os Estados Unidos também se tornaram um país muito próspero e a nobreza que estava atrelada às monarquias deu lugar a uma classe emergente de clientes para as fashion houses: esposas de magnatas industriais e estrelas de cinema. Foi também nesse período que muitas mulheres passaram a se tornar independentes financeiramente e a trabalhar fora de casa, o que exigiu mudanças no estilo de se vestirem. As roupas, portanto, tornaram-se mais casuais e os bob cuts (cortes de cabelo curtos) eram muito populares. Os trajes masculinos também se tornaram um pouco menos formais, buscando maior praticidade. Alguns estilistas mais famosos dessa época foram Coco Chanel, Jean Patou e Jeanne Lavie.

 

 

Na década de 1930s, com a quebra da bolsa de valores (1929) e as enormes perdas econômicas, as vestimentas extravagantes deram lugar a um estilo de se vestir mais conservador – porém, mantendo a sofisticação. Foi nesse período também que as calças se tornaram mais comuns entre o público feminino, assim como as roupas esportivas. Entre os mais reconhecidos designers dessa época estão Elsa Schiaparelli, Madeleine Vionnet e Main Rousseau Bocher.

Já nos anos 1940, pós-Segunda Guerra Mundial, uma crescente força de consumo surgiu, tendo como foco os cidadãos comuns. As manufaturas em massa ganharam popularidade e fizeram com que muitas fashion houses parisienses acabassem fechando, já que a maioria das pessoas passou a vestir roupas feitas em fábricas. Como consequência disso, a cena da moda migrou de Paris para Londres e Nova York. As palavras-chave dessa década eram elegância e modernidade. Além disso, materiais considerados revolucionários para a indústria têxtil, como poliéster e nylon, haviam acabado de ser descobertos, possibilitando a produção de roupas mais baratas. Entre os estilistas famosos desse período podem ser citados Pierre Balmain, Christian Dior e Jacques Fath, além de Nina Ricci, Jeanne Lafaurie, Cristobal Balenciaga e Hubert de Givenchy.

Os anos 1950 despontaram com uma economia em ascensão, o que fez com que as pessoas investissem mais do que nunca em tendências da moda. Marcas de roupas prontas, como Marks & Spencer, tornaram-se extremamente bem sucedidas. James Dean, um grande astro do cinema hollywoodiano, popularizou as calças jeans, combinadas com t-shirts e jaquetas de couro. Além de designers já consagrados, como Dior, Fath e Givenchy, estilistas de Hollywood também brilharam nessa década, incluindo Orry Kelly e William Travilla.

A partir de 1960, as roupas unissex, sem muita definição do corpo, estavam entre as maiores tendências. As minissaias surgiram em 1965, principalmente entre jovens de classe média que adquiriam independência financeira. Para os homens, calças mais apertadas e jaquetas com cores brilhantes estavam em voga. Voltados a esse público mais jovem e moderno, surgiram estilistas ousados, como Yves Sait Laurent e Andres Courreges, trazendo temas futuristas e espaciais. O jeans passou a ser aceito como roupa para se usar no dia a dia. Outros designers importantes dessa década foram Mary Quant, Barbara Hulanicki, Pierre Cardin, Emanuel Ungaro, James Galanos, Emilio Pucci e Paco Rabanne.

Nos anos 1970, Vivienne Westwood abriu sua boutique, focada no público que gostava do estilo punk: camisetas rasgadas, correntes e estilos de cabelo diferentes. Essa também foi a época das calças flare e vestimentas no estilo hippie, com sapatos plataforma. Entre os estilistas mais famosos, estão Kenzo Takada, Calvin Klein, Ralph Lauren, Pierre Cardin, Valentino Capucci, Giorgio Armani e Nino Cerruti.

Já nos anos 1980, o jeans se tornou peça-chave no guarda-roupa de homens e mulheres. Na moda feminina, ternos de alfaiataria com enchimento nos ombros também se tornaram populares, para as profissionais que ganhavam o mercado de trabalho. Nesse período, marcas esportivas despontaram, incluindo Nike, Reebok e Adidas. Astros da música como Madonna, Boy George e Michael Jackson também viraram ícones fashion. Designers que fizeram história nessa década foram Mary Quant, Ossie Clark, Jean Muir, Bill Gibb e Zandra Rhodes.

Os anos 1990 trouxeram muitas mudanças na indústria fashion, sendo a principal delas a substituição do estilo glamouroso por roupas mais minimalistas. Desfiles de moda ganharam destaque e trouxeram a era das super modelos. As tendências se espalharam pelo mundo de maneira mais rápida, por meio da televisão e da internet. Os estilos rocker e grunge adquiriram popularidade, bem como materiais sintéticos (lycra e viscose). Marcas de luxo como Prada e Gucci se tornaram renomadas, assim como os estilistas Michael Kors, Marc Jacobs, Calvin Klein, Gianni Versace, Vivienne Westwood, Thierry Mugler, Claude Montana e Angelo Tarlazzi.

A moda dos anos 2000 foi ditada pela economia e pelo conforto. O estilo streetwear se tornou popular e as marcas passaram a ser mais importantes do que os próprios estilistas. Atualmente, os países mais reconhecidos por lançarem tendências no universo fashion são os Estados Unidos, Inglaterra, França, Japão e Itália. Os consumidores tendem a buscar uma moda rápida e prática, preocupada com questões como ética e sustentabilidade, com roupas que possam ser compradas em plataformas online. Alguns dos mais aclamados designers contemporâneos são Alexander MacQueen, Stella McCartney, Phoebe Philo, Alexander Wang, Marc Jacobs, Tom Ford e Christian Louboutin.

Um aspecto importante sobre a moda é o fato de que ela se transforma periodicamente, como resultado de mudanças sociais. A busca constante de estilistas é desenvolver algo diferente das gerações anteriores, quase como uma forma de manifestar uma oposição à cultura vigente. Além de expressar rebeldia, a moda também se alinha às demandas de cada tempo. Hoje, é essencial ter um estilo único e a moda evoluiu para refletir a individualidade de cada um. Essa não-conformidade aos padrões é visível inclusive nas máscaras faciais, um item que se tornou parte do nosso vestuário pós-coronavírus. Cada vez mais, as pessoas querem expressar o que pensam e o que sentem por meio de peças de roupa, sapatos, joias e acessórios.

 

 

Conheça as 10 marcas de luxo mais tradicionais, que ainda estão em operação nos dias de hoje:

  1. HERMÈS
  2. LOUIS VUITTON
  3. LANVIN
  4. CHANEL
  5. PRADA
  6. NINA RICCI
  7. DIOR
  8. GIVENCHY
  9. VALENTINO
  10. YVES SAINT LAURENT

 

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